O pai e o filho não estão juntos desde o primeiro segundo de vida do filho, mas nem por isso deixam de notar-se semelhanças e paralelismos nas suas vidas.
O meu nome é Gonçalo de Oliveira, tenho 40 anos, nasci e vivo em Lisboa.
Sou pai, ator, repórter, sonhador, homossexual ativista pelos direitos de pessoas LGBTQIA+. Ou sou, simplesmente, eu. Gonçalo.
Estudei marketing, estudei teatro, piso palcos, faço televisão como ator, como repórter e como produtor de conteúdos. Trabalhei em várias áreas até 2009, altura em que decidi dedicar-me, de facto, às minhas paixões: o teatro e a televisão.
Vivi várias vezes fora da minha cidade, mas foi sempre para cá que voltei. É aqui o lugar-casa. É aqui, a olhar o tejo, a abraçar a noite do bairro alto, ou a ouvir fado nas vielas que sou inteiro.
Vivemos numa das 7 colinas da capital. Eu, o Duda e o Miguel. O Miguel é o namorado paciente que atura o meu mau feitio (e eu o dele).
Independentemente de todas as voltas da vida, de todas as áreas profissionais que abracei, de todas as cidades onde vivi, uma certeza foi transversal e constante: a de que queria ser pai e que o seria pela via da adoção. Aos 35 anos decidi dar o primeiro passo. Aos 40 estou pronto para contar-vos a melhor e mais bonita história de amor da minha vida.
Eu queria ser pai e o Duda tinha o direito inalienável de ter uma família. Uma família onde o coração, o afecto, a vinculação fossem muito mais do foram, antes, as células que pouco (ou nada) fazem se não houver uma genuína e profunda vinculação.
Quis a vida que nos cruzássemos. Quis o destino que eu fosse seu pai e ele meu filho. E quis tantas coisas que há quem diga – e eu acredito – que nascemos um para o outro. Mesmo não tendo eu assistido ao seu parto nem tenha sido o meu colo, o primeiro que recebeu.
Por aqui, contarei todas as fases por que já passámos ao longo destes dois anos e qualquer coisa, desde o primeiro abraço. E tenho muito para vos contar, muitas surpresas para partilhar e uma voz, sempre ativa em defesa da parentalidade. De todos os tipos de parentalidade. Vindos de todas as configurações familiares. Porque o que define uma família é sempre, e só, o amor.