Junho – o mês do orgulho LGBTQIA+

Junho – o mês do orgulho LGBTQIA+

18 de Junho, 2021 1 Por Pai paratodaaobra

A marcha do orguho LGBTQIA+ é, frequentemente, um tema. Quer para quem não conhece a sua origem, quer para quem nunca foi e não sabe bem do que se trata e tem curiosidade ou ainda como “um alvo a abater”, na boca de quem considera que os direitos de pessoas LGBTQIA+ já estão assegurados e que, por isso,/ se torna inútil a realização da marcha.

Quanto à sua origem e motivo, este artigo do site “Lisboa Secreta” é bastante esclarecedor e vale a pena ser lido. Link: https://lisboasecreta.co/junho-mes-orgulho-lgbt/

Para além dessa explicação há que dizer, também, que a palavra orgulho tem, como sabemos, diversos significados dependendo do contexto em que é aplicada. E aqui não é exceção. A palavra “orgulho” é usada em contraposição à palavra “vergonha”, porque foi isso que sentiram e é isso que sentem milhões de pessoas LGBTQIA+ um pouco por todo o mundo. E é errado pensar-se que em Portugal isso não acontece. Estamos bastante melhor do que há vinte anos? Sem dúvida. Portugal foi dos países que mais evoluiu, em termos legislativos, nesta matéria, nas ultimas décadas. Mas quer isso dizer que está tudo feito e que todas as pessoas em Portugal, pertencentes a esta comunidade, se sentem seguros? A discriminação acabou? A resposta é, claramente, não. Deixo-vos, apenas, um pequeno exemplo: https://sicmulher.pt/-mulher/2021-06-16-Sejam-o-que-quiserem-mas-dentro-da-vossa-casa.-Casal-homossexual-responde-a-letra-a-comentario-de-internauta-2c741620

E é esta a razão, pela qual, continuamos a marchar. O lema é: visibilidade. Tal como a notícia refere, há muitas pessoas que acham que o direito à existência e livre expressão de afetos, por parte de pessoas LGBTQIA+ deve estar restrito a casa, a quatro paredes. O mesmo é dizer que continuam a tentar vetar-nos à invisibilidade, ao silêncio, à inexistência. Somos pessoas. Queremos existir, orgulhosamente. Livremente.

No mesmo mês do orgulho, a Húngria acaba de anunciar um pacote legislativo profundamente LGBTfóbico, naquilo que chamaram de proibição da “promoção” da homossexualidade e transexualidade em espaços públicos.

Não, não está tudo bem. Está melhor, sim, em Portugal. Mas não o está em muitos países do mundo e, mesmo por cá, ainda há muito por fazer e para fazer. Continuam a existir adolescentes e jovens adultos abandonados pelas famílias quando se assumem. Continuam a existir crianças que são violentadas pelas suas próprias famílias (pais e mães incluídos) pela sua orientação sexual ou identidade de género. Sim, há adolescentes em casas de acolhimento por estes motivos. Há países onde ser LGBTQIA+ é crime e, em alguns deles, punível com a pena de morte.

Ao longo da história houve muitas pessoas que lutaram afincadamente pela dignificação da sua existência, mesmo sabendo que pouco ou nada conseguiriam durante a sua existência e, ainda assim, fizeram-no para e pelas gerações seguintes. Sofreram ataques – físicos, psicológicos e emocionais – brutais. Sofreram o inexplicável. Muitas acabaram por “tombar”. Pelo suicídio, pela violência, pelo abandono. Também pela honra das suas memórias, amanhã marcharei. E erguerei, sempre, a minha voz e a minha bandeira para que a minha e tantas outras famílias sejam, finalmente, vistas como tal. Porque o que faz uma família é sempre, e só, o amor.

A marcha do orgulho realiza-se este sábado, dia 19 de Junho, em Lisboa e todas as pessoas estão convidadas a juntar-se a nós. A marcha está autorizada pela DGS e todas as normas serão cumpridas. Direitos de pessoas LGBTQIA+ são direitos humanos.