Primeiros passos – Episódio 1

Primeiros passos – Episódio 1

26 de Março, 2021 4 Por Pai paratodaaobra

“Adotar é acreditar que a história é mais forte que a hereditariedade, que o AMOR é mais forte que o destino”, Lídia Weber

Foi sempre esta a minha convicção e foi, exatamente, com este sentimento que avancei com o processo que haveria de permitir-me concretizar o maior sonho da minha vida: o de ser pai e sê-lo precisamente pela via da adoção.

Em Setembro de 2015, decidi que era hora de avançar. Não tive dúvidas de que era isso que queria fazer naquele momento da minha vida e no início de 2016 fui à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para saber o que tinha que fazer.

Saí de lá com a Sessão de Formação A marcada. “E agora? O que se segue?” Esta foi a pergunta que mais pairou na minha cabeça, ao longo de todo o processo. “Agora vai para casa e aguarda a convocatória”. Boca seca, pernas a tremer, ansiedade “aos gritos”. Espero? Como assim, espero? Não dá para ser já?

Claro que não dá e ainda bem que não dá. É o sucesso do processo que garante o sucesso da adoção e, por conseguinte, a felicidade da futura família.

Dias depois recebi a convocatória para a formação A com data para dali a um mês (que a mim, obviamente, pareceu-me um ano).

A formação A é, basicamente, uma sessão de esclarecimento que pretende responder a questões legais e a questões práticas. Quem pode adotar? Em que circunstâncias? O que é necessário? Etc. E depois levamos um verdadeiro banho de realidade. Se até ali alguém tem alguma visão cor-de-rosa sobre a adoção de uma criança, garanto-vos que fica tudo lá. A realidade é abordada de forma simples e pragmática e, como eu costumo dizer, só falta dizerem “não se meta nisso”. Digo-o, ironicamente, como é óbvio. E digo-o porque, de facto, a adoção é, muitas vezes, romanceada e floreada e convém que tenhamos a real noção de “onde estamos a embarcar”. É um projeto para a vida.

Esta formação é obrigatória e o certificado entregue é um dos documentos necessários para dar entrada do processo, caso a decisão seja essa. Há quem decida avançar e há quem tenha ido apenas para ser esclarecido. O processo só pode ser entregue 24 horas depois da formação para garantir um período mínimo de reflexão.

Entreguei o processo em Maio de 2016. E volta a soar na minha cabeça: “E agora? O que se segue?” E a mesma resposta: “Agora vai para casa e aguarda”. Boca seca, pernas a tremer, ansiedade “aos gritos”. Espero? Como assim, espero? Não dá para ser já?

Calma…. Não conto tudo já, mas todas as semanas vou contar-vos os episódios desta história. A nossa história.